Jardim I A, B e C - Professoras: Ana Carolina, Ana Claudia e Lúcia

Minha chupeta virou estrela

Ilustrado por: Ionit Zilberman
Eu me chamo Pedro e tenho 7 anos. Eu tenho uma estrela, sabe?
Uma estrelona, linda, que está lá no céu, brilhando, todos os dias.
Quando eu tinha 3 anos, para salvar meu dente da frente que ficou mole
porque eu caí de boca brincando na gangorra da escola, minha dentista me disse
que... EU TERIA QUE PARAR DE USAR A MINHA QUERIDA CHUPETA VERDE!

– A chupeta ou o dente! – ela me mandou escolher.

Bom, eu nem quis ouvir direito essa proposta tão maluca! A doutora Virgínia  e a minha mãe tentaram conversar comigo, explicar por que era importante eu  não perder um dente tão cedo e... nada. Eu só olhava com o olho mais comprido  do mundo para a chupeta verde, minha companheira do sono mais gostoso do  mundo! Como dormir sem ela?

Na primeira noite em que fiquei sem a minha querida chupeta, só lembro de  sentir o cheiro da minha mãe, que me carregou no colo enquanto papai dirigia  nosso carro, passeando em frente ao meu parque preferido pra ver se eu enfim  conseguia pegar no sono...

No dia seguinte fui com minha mãe e meu irmão ao parque e levei pão para  dar aos patos que moram num lago bem bonito que tem lá. Um pato maior e  mais cinza que os outros me chamou a atenção. Ele veio várias vezes comer pão  na minha mão e eu gostei dele. Parecia o patinho feio da história que meu pai  sempre contava antes de eu dormir.

Mamãe chegou perto de nós e disse que aquele era mesmo um pato especial.  Ele costumava tomar conta das chupetas de alguns meninos. E fazia isso muito  bem: ele transformava todas em estrelas! Superlegal!

Pus o nome naquele pato de Pato Pão. Eu não queria perder nem o meu dente  nem a minha chupeta... Talvez o Pato Pão fosse a solução para o meu problema!

Então... resolvi dar a minha chupeta verde para ele. Ele pegou minha  chupeta verde com o bico e atirou longe, no lago. Eu fiquei olhando  para ela boiando, boiando... até desaparecer... Na hora de  entregar a minha chupeta verde, mesmo para um pato tão  especial como o Pato Pão, eu segurei bem forte a mão da  minha mãe e a do meu irmão!

Enquanto a minha chupeta verde ia embora no lago,  pensei que naquela noite ela não ia estar embaixo do  meu travesseiro. Eu teria que ir até a janela se quisesse  dar uma espiada nela.

Quando a noite apareceu, meu pai chegou do trabalho  e se deitou na cama comigo, olhando pro céu, procurando  a minha estrela-chupeta verde. Eu vi primeiro e nós  dois batemos palmas pra ela! Aí eu só me lembro de  adormecer com aquele brilho de estrela no meu olho  e a sensação do abraço enorme do meu pai.

Todas as vezes em que penso na minha chupeta,  olho pro céu, procurando a estrela-chupeta verde.  Agora, a saudade, em vez de crescer como eu, fica  menor a cada noite. Deve ser porque meninos  grandes gostam mais de estrelas no céu do que  de chupetas, eu acho.

Conto de Januária Alves
Ilustrado por Ionit Zilberman

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